Palavra do Bispo

Prezados Diocesanos,

A Igreja no Brasil, todos os anos, propõe como reflexão quaresmal um tema: “Fraternidade e Ecologia Integral” e um lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). Trata-se da tradicional Campanha da Fraternidade.

É importante ressaltar que a iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, ao propor a Campanha da Fraternidade, não pretende sobrepor a caminhada quaresmal em preparação para a Páscoa; pelo contrário, busca ser uma reflexão que auxilie o tempo propício de conversão e mudança de vida, abordando temas sociais relevantes.

Neste ano de 2025, somos chamados a celebrar o Jubileu Ordinário da Esperança como peregrinos, ou seja, a realizar a experiência de um caminhar de fé. O tema proposto nos convida a refletir sobre a urgência de cuidar da nossa Casa Comum, promovendo uma ecologia integral que conecta a fé cristã com a responsabilidade socioambiental. A Igreja no Brasil se sente motivada pelo tema proposto, no contexto dos 10 anos de promulgação da Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco e das comemorações dos 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco. No calendário civil, ocorrerá este ano o COP-30, que é a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em sua 30ª edição, prevista para acontecer em Belém, no Estado do Pará.

As ações apresentadas pela Campanha da Fraternidade integram espiritualidade, justiça social e o cuidado com o meio ambiente, oferecendo à sociedade caminhos para uma conversão integral.

Engana-se quem pensa que a Igreja, sob o Magistério do Papa Francisco, está se preocupando apenas agora com esse tema. Recordamos que não é a primeira vez que a Igreja no Brasil aborda essa questão; já foram várias edições: em 1979, “Por um mundo mais humano - Preserve o que é de todos”; em 2004, “Fraternidade e Água - Água, fonte de vida”; em 2007, “Fraternidade e Amazônia - Vida e missão neste chão”; em 2011, “Fraternidade e a Vida no Planeta - A criação geme”; e em 2017, que foi inspirada na passagem do livro de Gn 2,15: “O Senhor Deus tomou o ser humano e o colocou no jardim do Éden para o trabalhar e o guardar”. Em 2019, falou sobre políticas públicas, incluindo reflexões sobre gestão ambiental e a responsabilidade do poder público na preservação da natureza.

As palavras firmes do Papa Francisco devem nos levar a uma profunda reflexão: “Que mundo queremos deixar às nossas crianças e aos nossos jovens? O nosso egoísmo, a nossa indiferença e os nossos estilos irresponsáveis estão ameaçando o futuro dos nossos jovens! Assim, renovo meu apelo: cuidemos da nossa mãe Terra, superemos a tentação do egoísmo que nos faz predadores de recursos e cultivemos o respeito pelos dons da Terra e da criação. Inauguremos um estilo de vida e uma sociedade finalmente ecossustentáveis… Das mãos de Deus recebemos um jardim; aos nossos filhos não podemos deixar um deserto.”

A responsabilidade de cuidar deste belo planeta que Deus nos deu é de todos. Já estamos enfrentando sérios problemas como consequência de nossa falta de responsabilidade: enchentes, queimadas, desmatamentos, secas e o aquecimento global. Precisamos de educação e cultura para proteger nosso bem precioso: a Terra.

De nossa parte, como Diocese, queremos contribuir para que nossas comunidades paroquiais realizem momentos de conscientização sobre os riscos de não descartarmos corretamente o lixo, de cortarmos nossas árvores sem a devida reposição e, enfim, urge uma conscientização sobre o que podemos fazer para proteger o nosso ambiente. A Diocese tem como projeto o reflorestamento nas terras da Igreja em Arrozal e conta com o apoio do poder público para proteger as nascentes contra contaminações. Já instalamos captação de energia solar na Cúria Diocesana. Infelizmente, a poluição do ar na região não permite uma captação melhor da energia, algo que precisa ser cobrado e resolvido por meio da sensibilidade do empresariado.

Que esta Campanha da Fraternidade possa fortalecer nossa fraternidade, de modo que nossa reflexão sobre práticas e valores na vida de fé nos leve a uma profunda caminhada de conversão e mudança de vida. É sempre importante ressaltar que o período quaresmal deve ser um momento forte de transformação dos corações, em vista de um autêntico discipulado cristão.

O Senhor é nossa Força!