10 anos de episcopado

 10 anos de episcopado

Prezados diocesanos,

Ao ser chamado pela Igreja para colaborar com o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Cardeal João Tempesta, como Bispo auxiliar, não tinha a mínima ideia sobre os novos rumos a que esse ministério tão exigente me levaria. Consciente de minha fragilidade, acolhi esta solicitação com tremor e temor, sabedor de que o Bispo deve ser “obediente ao Evangelho e à Tradição da Igreja” e deve “ler os sinais dos tempos e reconhecer a voz do Espírito Santo no ministério petrino e na colegialidade episcopal” (João Paulo II, Pastores Gregis, n. 19). A Santa Igreja contava comigo e eu não poderia virar-lhe as costas.

Muitas experiências desafiadoras e enriquecedoras pude vivenciar ao longo desses 10 anos de ministério episcopal. Desse modo, considero imperativo agradecer à Diocese de Campos, que acreditou na minha vocação, bem como à Arquidiocese do Rio de Janeiro, que me acolheu com tanta caridade e paciência, em meus primeiros passos como Bispo. 

Tendo recebido um telefonema da Nunciatura Apostólica, procurei apresentar-me o mais rápido possível. Era uma quinta-feira. Neste dia especifico, ao rezar as Laudes, transcorrendo a segunda semana do saltério, detive-me no Cântico de Isaías 12,2: “Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo; o Senhor e minha força, meu louvor e salvação”. Este trecho do profeta Isaías deu-me coragem para responder ao chamado da Igreja, acompanhando-me em todos os momentos difíceis e pesados do ministério, fazendo-me recordar essas palavras consoladoras: “O Senhor é minha força”, ou seja, sem Ele nada podemos fazer. Escolhi como lema episcopal esta frase para que, diante de mim mesmo e dos fiéis, jamais esquecesse que, sem o auxílio do Senhor, nada posso. Assim tenho conduzido meu ministério.

No ano de 2019, fui mais uma vez convocado a renovar meu compromisso de obediência diante do chamado de Deus, através da Igreja, ao ser por ela convocado para servir, como pastor próprio, a Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, coincidentemente, diocese irmã de Campos (onde fui ordenado presbítero), por ter sido erigida pelo Papa Pio XI com a mesma bula Ad Supremae Apostolicae Sedis Solium (Ao Trono Da Suprema Sé Apostólica), no dia 04 de dezembro de 1922. Passados 10 anos, eis-me aqui, como Bispo diocesano de Barra do Piraí-Volta Redonda, muito honrado por fazer parte dessa bonita história eclesial. 

Assim que cheguei à Diocese, procurei transmitir a mensagem inequívoca sobre a importância de contribuir para uma rica diversidade eclesial, pautada na unidade, como bem acena a Pastores Gregis n. 44, ao falar do estilo pastoral do Bispo, que deve ser “responsável pela realização da unidade na diversidade, procurando… favorecer de tal modo a sinergia entre os diversos agentes que seja possível percorrerem juntos o caminho comum de fé e missão”

Como Bispo, tenho a responsabilidade e missão de conduzir a Diocese, contando com a colaboração preciosa dos presbíteros, que participam do sagrado múnus episcopal, “na edificação, santificação e condução do povo de Deus” (IGMR, 157), e dos diáconos, especialmente agora, nas celebrações dos 100 anos de caminhada diocesana.  Através das comissões, compostas por clérigos e leigos, juntamente com a Coordenação Diocesana de Pastoral, temos trabalhado com muita dedicação para celebrar este ano jubilar, cujo tema é: “Memória, Gratidão e Missão” e o lema bíblico: “Rendei graças ao Senhor. Anunciai as suas obras” (Sl 105).

Não posso deixar de acenar para alguns momentos marcantes deste Jubileu. Destaco a abertura da Porta Santa na Catedral Histórica da Diocese, em Barra do Piraí, no último dia 03 de dezembro. A partir de minha solicitação, o Santo Padre, Papa Francisco, nos concedeu esse grande privilégio jubilar: a Porta Santa, à qual os fiéis, em peregrinação, acorrem para implorar a misericórdia de Deus e comprometem-se com uma caminhada de conversão e mudança de vida. Ao longo deste ano, realizaremos ainda especiais momentos de memória nas regiões pastorais.

Além disso, estamos nos aproximando do III Congresso Eucarístico Diocesano, que acontecerá na semana de Corpus Christi, aproveitando o mesmo tema do Centenário, porém com o seguinte lema: “Fica conosco, Senhor” (Lc 24,29), a recordar-nos esta presença essencial de Jesus Eucarístico em nossa caminhada de fé. Lembremo-nos de que a Eucaristia é fonte e ápice de toda vida cristã. Nesse sentido, o Congresso pretende envolver todas as comunidades paroquiais e, para isso, teremos momentos de catequese, eventos de cunho social e que acenam para o cuidado da “casa comum”, bem como ações missionárias por toda a Diocese. Acontecerá ainda um simpósio sobre a Eucaristia, com palestrantes de alto nível intelectual. Por fim, esse momento belíssimo culminará com a Missa da Unidade, celebrada na Ilha São João, em Volta Redonda, na qual várias crianças e adolescentes de nossa diocese receberão a Primeira Eucaristia.

O ponto alto de nossa festa jubilar será o dia 04 de dezembro. Antes, porém acontecerá um “dozenário”, com a presença de Bispos convidados, que celebrarão em cada cidade da Diocese. E é claro que não podemos nos esquecer da imagem peregrina de nossa padroeira, a Senhora Sant’Ana, que já está percorrendo várias de nossas comunidades. A Imagem da Senhora Sant’Ana Mestra nos recorda, dentre outras coisas, a grande importância da catequese familiar.

Desejamos que todos se sintam envolvidos nos eventos deste Ano Jubilar e, sobretudo, não nos esqueçamos: A festa é nossa! Fazemos parte dessa história tão bonita de nossa diocese! Celebremos com grande alegria este jubileu!

Minha escolha para a Ordenação Episcopal recaiu no mês de maio, próximo à festa de Nossa Senhora de Fátima, a indicar o quanto reconheço a presença materna de Nossa Senhora em minha vida presbiteral e mais ainda agora, no ministério episcopal, confiando-me à materna proteção de Maria Santíssima. Muito bela é a reflexão que encontramos na Pastores Gregis, quando menciona o vínculo indissolúvel entre Maria e os sucessores dos Apóstolos, a partir do acontecimento de Pentecostes. Maria tem sido mãe terna, compassiva e modelo exemplar de escuta, oração e obediência. A ela confio meu ministério, na certeza de sua presença maternal a nos acompanhar em tempos tão desafiadores como os atuais, mas sem perder a esperança.

Agradeço ao amado povo de Deus, que tem demonstrado tanto cuidado e apoio com suas orações. A bondade de todos vocês nos impulsiona a continuar este caminho de serviço e dedicação, apesar de nossas fragilidades.

+ Luiz Henrique da Silva Brito Bispo Diocesano